silver
valley
testemunha da batalha do atlântico

Navios Park
Os navios Park foram navios mercantes a vapor construídos para a Marinha Mercante do Canadá durante a Segunda Guerra Mundial. Estes cargueiros eram o equivalente canadiano aos navios Liberty produzidos pelos Estados Unidos. Ambos derivavam de um projecto desenvolvido pela empresa britânica J.L. Thompson and Sons, de Sunderland, Inglaterra. Os navios Park estavam equipados com um motor a vapor de tripla expansão, que accionava uma hélice de parafuso único. Os navios Park receberam nomes de parques locais e nacionais do Canadá.
Park Steamship Company
Para fazer face à perda significativa de navios mercantes nos primeiros anos da Batalha do Atlântico, resultante dos ataques de submarinos alemães, os Aliados viram-se obrigados a aumentar a produção de embarcações de modo a manter o suporte logístico à Europa. A Park Steamship Company foi criada pelo Governo canadiano em 8 de Abril de 1942, com o objectivo de supervisionar a construção de uma frota mercante destinada a apoiar o esforço de guerra e a substituir os navios afundados pelos U-boats no Atlântico. Esta iniciativa integrou-se num esforço coordenado dos Aliados, que resultou na construção de navios mercantes britânicos, americanos e canadianos baseados numa classe comum de embarcações, conhecida como classe North Sands (assim designada em homenagem a uma praia situada nas proximidades do estaleiro J. L. Thompson, no rio Wear, em Inglaterra). O programa envolveu cerca de 13 estaleiros navais, distribuídos por várias cidades.

Navios Produzidos
Nos três anos seguintes, a empresa encomendou aproximadamente 156 cargueiros e 20 petroleiros, todos com bandeira canadiana. Os navios com 10 000 toneladas de porte bruto ficaram conhecidos como classe Park. As embarcações mais pequenas, com 4 700 toneladas nominais, foram inicialmente designadas como classe Grey, passando mais tarde a ser igualmente conhecidas como navios Park, sendo vulgarmente referidas como navios Park de 4 700 toneladas. Todos os navios lançados, com exceção de dois, receberam o nome de parques federais, provinciais ou municipais do Canadá. Alguns destes navios foram ainda armados com canhões na proa e equipados com redes antitorpedo, para aumentar a sua capacidade defensiva durante as travessias do Atlântico.
Perdas durante o conflito
Dois dos navios Park foram perdidos devido a causas naturais, e outros quatro foram destruídos em consequência de ações inimigas. O Jasper Park foi o primeiro navio Park a ser afundado num ataque inimigo, no Oceano Índico, após ser atingido por torpedos lançados pelo submarino alemão U-177, a sul de Durban, na África do Sul. O Avondale Park foi um dos dois últimos navios aliados destruídos por ações inimigas no Mar do Norte, na última hora da guerra na Europa, em 7 de Maio de 1945.
SS WESTON PARK
O SS Weston Park foi construído em 1944 nos estaleiros da West Coast Shipbuilders, localizados em Vancouver BC, pela empresa subcontratada Empire Sheet Metal Co. Ltd. A sua propulsão era a vapor, utilizando um motor de tripla expansão. O motor foi construído pela Canadian Allis-Chalmers Ltd., em Montreal, Quebec.
O navio foi lançado à água a 4 de agosto de 1944 com o número de casco 145 e realizou os seus primeiros testes de navegação em 2 de Outubro de 1944.


Especificações
O Weston Park tinha nominalmente 2.878 GRT, um comprimento de 129.42 metros e 17.43 metros de boca. O navio era movido por um motor a vapor de tripla expansão com cilindros de 24,5 polegadas × 37 polegadas × 70 polegadas de diâmetro e 48 polegadas de curso, alimentado a vapor por três caldeiras a carvão do tipo escocês de extremidade única, colocadas à frente do motor, para uma velocidade projetada de 11 nós. A energia elétrica seria fornecida por motores a vapor verticais de cilindro único, alimentando dois geradores de 25 kW.
Participação na guerra
O SS Weston Park foi incluído nas rotas do Atlântico Sul, realizando apenas uma viagem em comboio. Integrava, juntamente com mais 13 navios de carga, o comboio TJ.51, que partiu sem escolta da ilha de Trinidad, em 16 de Novembro de 1944, com destino ao Rio de Janeiro, Brasil. O comboio chegou ao destino em 2 de Dezembro de 1944.
Após esta viagem, o SS Weston Park partiu em viagem solitária com destino a East London, na África do Sul.


Destino após a guerra
Após o fim do conflito, o SS Weston Park acabou por ser vendido a diversos proprietários, mudando de nome em cada transação.
Em 1946, foi adquirido pela Western Canada Steamship Co. Ltd e rebatizado de Lake Sicamous.
Em 1953, foi adquirido pela Panedo Compania Navigation SA, do Panamá, e passou a operar sob o nome Archipelago.
Em 1960, navegou como SS Silver Valley para a Silver Star Shipping Corp, sob pavilhão liberiano.
Última viagem
Na noite de 15 de março de 1963, pouco depois das 23 horas, o navio comunicou, por rádio, que encalhara junto à foz do rio Douro e que se encontrava a meter água.
Devido a uma avaria no motor e à forte ondulação que se fazia sentir nessa noite, o navio acabou por ser arrastado para uma zona de pouca profundidade, encalhando num banco de areia a aproximadamente 600 metros a sudoeste do farol de Felgueiras.


Devido à violenta agitação marítima, os meios de resgate terrestres e marítimos não conseguiram retirar os náufragos do navio. Perante a situação, decidiu-se pedir ajuda à Força Aérea Portuguesa, que enviou dois helicópteros Alouette II.
Os 27 tripulantes foram resgatados durante a tarde de 16 de março, naquela que viria a ser a primeira operação de resgate aéreo realizada em Portugal. A operação demorou cerca de 40 minutos. Cinco membros da tripulação foram transportados para o hospital com ferimentos ligeiros.
o naufrágio actualmente
As fortes ondas e as correntes junto à barra do Douro têm fustigado o naufrágio do Silver Valley há mais de seis décadas. A força do mar acabou por destruir quase por completo o navio, mas, ainda assim, é possível percorrer toda a sua estrutura, da proa à popa.
No leito de areia branca, encontram-se chapas metálicas dispersas e elementos estruturais que permitem identificar partes distintas do navio. Entre os pontos de maior interesse para quem o visita estão o hélice, o leme, a estrutura do motor e a âncora de estibordo.
Devido à proximidade da foz do rio Douro, as correntes podem ser fortes e a visibilidade muito fraca, tornando o mergulho exigente em termos de planeamento, obrigando a ter atenção às marés, mas ainda assim uma experiência memorável.


