
Quebra-rochas Belier
História
Contruida no estaleiro Lobnizt & Co Ltd em Renfrew, Escócia, lançada à água no dia 1 de março de 1938, a barcaça quebra-rochas Belier, era propriedade da Entreprise de Travaux Publics et Maritimes, Société Anonyme Ossude e estava registada no porto de Toulon. Encontrava-se a operar nas obras da barra do Douro, em conjunto com o quebra-rochas Capricorne, a draga Verseau e a barcaça grua Chevre, todas igualmente pertencentes à mesma empresa.

Construída em ferro, com 36.59 metros de comprimento e 11.93 metros de boca, esta barcaça destinava-se a operações portuárias e trabalhos marítimos de engenharia. Não possuía meios próprios de propulsão, sendo necessário o auxílio de um rebocador para a sua deslocação.
Em janeiro de 1939, devido às fortes chuvas, o caudal do rio Douro aumentou significativamente, provocando grandes cheias.
As embarcações encontravam-se fundeadas junto ao caneiro da Insua do Ouro. Devido ao risco de os fundeadouros serem arrastados pela forte corrente, no dia 17 de janeiro, a Autoridade Marítima ordenou que as tripulações abandonassem as embarcações e viessem para terra.
Para esta operação foi utilizada a lancha salva-vidas Visconde de Lançada, da Foz do Douro, que, sob o comando do patrão Estevão Gonçalves, conseguiu, apesar das dificuldades, aproximar-se das embarcações e transportar em segurança todos os tripulantes para a margem.

o Afundamento

Na tarde de 18 de janeiro de 1939, por volta das 17 horas, quatro embarcações — os quebra-rochas Belier e Capricorne, a draga Verseau e o batelão-grua Chevre — foram levadas rio abaixo pela força das águas do Douro.
Apesar de estarem fortemente amarradas com cabos de arame, correntes e várias pequenas âncoras, as medidas de segurança revelaram-se insuficientes para conter a corrente intensa que se fazia sentir. Um a um, os navios desprenderam-se dos seus pontos de amarração e foram arrastados para fora da barra, em direção ao mar.
O batelão Chevre afundou-se de imediato, junto à entrada da barra do Douro. A draga Verseau e os dois quebra-rochas continuaram à deriva durante mais algum tempo. A Verseau acabou por desaparecer mar adentro, sem possibilidade de recuperação. A Capricorne encalhou a sul da barra, enquanto a Belier se afundou junto à restinga do Cabedelo.

O naufrágio hoje

A barcaça encontra-se pousada sobre um fundo de areia branca, a cerca de 9 metros de profundidade. Embora atualmente bastante danificada pelo tempo e pelas condições do mar, ainda é possível explorar grande parte da sua estrutura.

Durante a visita subaquática, é possível observar:
A caldeira
O ariete quebra-rochas
O poço
Diversos equipamentos, máquinas, compartimentos e secções do casco
Devido à baixa profundidade e localização, o naufrágio está exposto, por vezes, a fortes correntes e ondulação, o que limita o desenvolvimento de uma vida marinha mais exuberante, como se observa noutros naufrágios da região. Ainda assim, há uma presença notável de biodiversidade local, e o mergulho pode revelar surpresas inesperadas — tanto para mergulhadores iniciantes como para os mais experientes.

