U-1277

Ao largo da costa norte de Portugal, a cerca de 2,5 milhas da linha costeira, repousa um dos mais fascinantes segredos submersos da Segunda Guerra Mundial: o U-1277, um submarino alemão do tipo VIIC/41, afundado voluntariamente pela sua tripulação na madrugada de 3 de junho de 1945, semanas após o fim oficial da guerra na Europa.

Hoje, passadas mais de oito décadas, o U-1277 é um dos mergulhos mais icónicos em Portugal, um verdadeiro museu no fundo do mar, aberto apenas àqueles que se atrevem a descer até este silencioso testemunho da nossa história recente.

A HISTÓRIA

O submarino U-1277 foi encomendado aos estaleiros da Bremer Vulcan, em Bremen-Vegesack, a 13 de Junho de 1942. A construção teve inicio a 6 de Agosto de 1943 e foi lançado à água a 18 de Março de 1944.

O U-1277 foi comissionado a 3 de maio de 1944, ficando sob o comando do Oberleutnant zur See Peter-Ehrenreich Stever, que mais tarde seria promovido a Kapitänleutnant, a 1 de Janeiro de 1945.

Integrou inicialmente a 8. Unterseebootsflottille a 6 de agosto de 1944, onde serviu inicialmente como navio de instrução e treino. Esta flotilha, baseada em Danzig, era uma Ausbildungsflottille — uma unidade destinada à formação de tripulações e ao treino operacional de submarinos recém-comissionados.

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Integrou inicialmente a 8. Unterseebootsflottille a 6 de agosto de 1944, onde serviu inicialmente como navio de instrução e treino. Esta flotilha, baseada em Danzig, era uma Ausbildungsflottille — uma unidade destinada à formação de tripulações e ao treino operacional de submarinos recém-comissionados.

A 8. Flotilha havia sido fundada em junho de 1941, sob o comando do Korvettenkapitän Wilhelm Schulz. Nos últimos meses de 1944, com o avanço soviético no Báltico, vários submarinos da flotilha foram mobilizados para ações de combate contra a Armada Russa, já sob a liderança do Fregattenkapitän Hans Pauckstadt.

Com o agravamento da situação militar no leste, a 8. Flotilha acabou por se dispersar, encerrando as suas atividades operacionais no final de janeiro de 1945.

Devido à crescente escassez de submarinos de combate na frente atlântica, o U-1277 foi transferido, a 11 de fevereiro de 1945, para a 11. Unterseebootsflottille da Marinha de Guerra do Reich (Kriegsmarine), com base em Bergen, Noruega.

Fundada a 15 de maio de 1942, sob o comando do Korvettenkapitän Hans Cohausz, a 11.ª Flotilha tinha como principal teatro de operações o Mar do Norte. Inicialmente composta por submarinos do tipo VIIC, a unidade viu o seu papel expandir-se significativamente a partir de setembro de 1944, quando os U-Boote evacuados das bases francesas ocupadas pelos Aliados foram redirecionados para a Noruega.
Com esta reorganização, e o aumento da atividade no Atlântico Norte e nas águas árticas, a flotilha foi reforçada com novos modelos e, em dezembro de 1944, o comando passou para o experiente Fregattenkapitän Heinrich Lehmann-Willenbrock.

Lehmann-Willenbrock, um dos mais condecorados comandantes de submarinos da Segunda Guerrra Mundial, era considerado um verdadeiro herói de guerra, tendo sido distinguido com as seguintes condecorações:

  • Cruz de Ferro de 2.ª classe (20 de abril de 1940)
  • Cruz de Ferro de 1.ª classe (31 de dezembro de 1940)
  • U-Boots-Kriegsabzeichen (2 de janeiro de 1941)
  • Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro (26 de fevereiro de 1941)
  • Cruz de Cavaleiro com Folhas de Carvalho (31 de dezembro de 1941)

Durante a sua carreira como comandante de submarinos, afundou 22 navios, totalizando 166.596 toneladas, feitos que o colocam entre os mais eficazes e respeitados oficiais da força submarina alemã.

Nesta fase final da guerra, a 11.ª Flotilha tornou-se uma das maiores e mais ativas da Kriegsmarine, operando quase 180 submarinos, entre os quais unidades dos modelos VIIC, VIIC/41, XXII e XXIII. Foi neste contexto que o U-1277 recebeu ordens para se preparar para operações de combate no Atlântico.

A história da 11. Unterseebootsflottille termina em maio de 1945, com a rendição da Alemanha.

O U-1277 deixou a base de Bergen a 21 de abril, sob intenso bombardeamento, para a sua primeira e única patrulha como unidade de combate. O submarino submergiu imediatamente nas geladas águas do Mar do Norte, sem possibilidade de emitir qualquer sinal de rádio, sob risco de ser localizado e afundado pelas forças aliadas.

A única forma de comunicação com o exterior era através do receptor de rádio montado no topo do snorkel, que permitia à tripulação receber transmissões. Foi assim que, a 4 de maio, receberam a mensagem do Großadmiral Karl Dönitz, ordenando a todos os submarinos em atividade que suspendessem todas as ações ofensivas, desativassem os torpedos, emergissem, içassem a bandeira negra e se rendessem no porto aliado mais próximo. Era o início da “Operação Arco-Íris”.

Poucos dias depois, a 7 de maio de 1945, chegava a notícia oficial: a Alemanha havia capitulado. A guerra na Europa terminara.

Especificações Técnicas do U-1277

O U-1277, um submarino do modelo VIIC/41, pertencia à série 1271–1291 e apresentava originalmente as seguintes dimensões: 67,23 metros de comprimento, 6,20 metros de pontal, 4,74 metros de boca e 9,55 metros de altura máxima.

A propulsão era assegurada por quatro motores — dois a diesel Germaniawerft F46 e dois eléctricos AEG — dos quais apenas dois eram utilizados em simultâneo, consoante a situação de navegação (à superfície ou submerso).

À superfície, os motores diesel geravam uma potência total de 3.200 hp, permitindo atingir uma velocidade máxima de 17,6 nós.

Quando submerso, os motores eléctricos forneciam 750 hp, garantindo uma velocidade máxima de 7,6 nós.

Deslocava 769 toneladas à superfície e 871 toneladas em imersão. Tinha um raio de ação de 8.500 milhas náuticas a 10 nós à superfície, 130 milhas a 2 nós submerso, 3.250 milhas a 17 nós à superfície e 80 milhas a 4 nós submerso. A profundidade operacional situava-se nos 120 metros, podendo, em caso de necessidade, atingir os 250 metros, o que conseguia num tempo que variava entre 25 e 30 segundos. Tinha capacidade para armazenar 113,5 toneladas de combustível.

Estava equipado com cinco tubos lança-torpedos de 533 mm: quatro à proa — dois a bombordo e dois a estibordo — e um à ré. Transportava um total de 14 torpedos a bordo.

Estava equipado com cinco tubos lança-torpedos de 533 mm: quatro à proa — dois a bombordo e dois a estibordo — e um à ré. Transportava um total de 14 torpedos a bordo.

Na torre de comando, dispunha ainda de artilharia antiaérea, composta por um canhão automático Flak M42 U de 37 mm e duas Flakzwillinge C/30, ou seja, dois pares de metralhadoras de 20 mm, que proporcionavam alguma proteção contra ataques aéreos durante a navegação à superfície.

A Tripulação

A tripulação do U-1277 era composta por 47 homens, que ocupavam os seguintes postos:

  • 4 oficiais
  • 4 sargentos
  • 10 cabos
  • 29 marinheiros

A média de idades era notavelmente jovem, entre os 19 a 20 anos. O membro mais velho a bordo era o próprio comandante, Peter-Ehrenreich Stever, nascido a 4 de outubro de 1918, com 26 anos à data da última missão.

os oficiais

Kommandant / KDT: Kapitänleutnant Peter-Ehrenreich Stever

Responsável máximo por todas as decisões tomadas a bordo. Comandava a embarcação desde a sua entrada ao serviço, a 3 de maio de 1944, e liderou a tripulação durante todo o período de treino e a sua única patrulha de combate. Com apenas 26 anos na altura da missão final, Stever era o elemento mais velho a bordo. Demonstrou elevada competência operacional, conduzindo a rendição do submarino sem baixas e assegurando a sobrevivência de toda a tripulação. Faleceu a 6 de novembro de 1991.

Wachoffizier / 1WO: Oberleutnant zur See Johannes Malwitz

Segundo na cadeia de comando a bordo. Entre as suas principais responsabilidades estavam acompanhar de perto o comandante para assumir o comando em caso de doença ou morte deste, supervisionar o sistema de armamento do submarino e coordenar a condução dos torpedos durante ataques à superfície. O seu papel era fundamental para garantir a eficácia operacional da embarcação e a continuidade da liderança em situações de emergência.

Leitender Ingenieur / LI: Oberleutnant (Ing.) Ernst Engel

Responsável pela manutenção e funcionamento de todos os sistemas mecânicos a bordo, incluindo os motores diesel e elétricos, baterias e sistemas auxiliares. Além disso, tinha sob sua responsabilidade a gestão das cargas de demolição, essenciais para garantir a destruição controlada do submarino em caso de abandono ou para impedir sua captura.

Zweiter Wachoffizier / 2WO: Obersteuermann Adolf Boss

Era responsável por comandar a equipa de vigia da ponte, supervisionar o armamento antiaéreo instalado no convés e coordenar a equipa de comunicações, responsável pela operação da estação de rádio. A sua função era essencial para a segurança da embarcação durante a navegação à superfície, sobretudo em zonas sob ameaça aérea, bem como para manter as comunicações em funcionamento mesmo em condições operacionais adversas.

Comandante (Kommandant / KDT): Kapitänleutnant Peter-Ehrenreich Stever

Responsável máximo por todas as decisões tomadas a bordo. Comandava a embarcação desde a sua entrada ao serviço, a 3 de maio de 1944, e liderou a tripulação durante todo o período de treino e a sua única patrulha de combate. Com apenas 26 anos na altura da missão final, Stever era o elemento mais velho a bordo. Demonstrou elevada competência operacional, conduzindo a rendição do submarino sem baixas e assegurando a sobrevivência de toda a tripulação. Faleceu a 6 de novembro de 1991.

1.º Oficial (Wachoffizier / 1WO): Oberleutnant zur See Johannes Malwitz

Segundo na cadeia de comando a bordo. Entre as suas principais responsabilidades estavam acompanhar de perto o comandante para assumir o comando em caso de doença ou morte deste, supervisionar o sistema de armamento do submarino e coordenar a condução dos torpedos durante ataques à superfície. O seu papel era fundamental para garantir a eficácia operacional da embarcação e a continuidade da liderança em situações de emergência.

Chefe Engenheiro de Máquina (Leitender Ingenieur / LI): Oberleutnant (Ing.) Ernst Engel

Responsável pela manutenção e funcionamento de todos os sistemas mecânicos a bordo, incluindo os motores diesel e elétricos, baterias e sistemas auxiliares. Além disso, tinha sob sua responsabilidade a gestão das cargas de demolição, essenciais para garantir a destruição controlada do submarino em caso de abandono ou para impedir sua captura.

2.º Oficial de Vigia (Zweiter Wachoffizier / 2WO): Obersteuermann Adolf Boss

Era responsável por comandar a equipa de vigia da ponte, supervisionar o armamento antiaéreo instalado no convés e coordenar a equipa de comunicações, responsável pela operação da estação de rádio. A sua função era essencial para a segurança da embarcação durante a navegação à superfície, sobretudo em zonas sob ameaça aérea, bem como para manter as comunicações em funcionamento mesmo em condições operacionais adversas.

A Vida a Bordo

A vida a bordo destes submarinos era extremamente difícil. Num espaço reduzido, viviam durante meses, em média, cinquenta homens que compunham a tripulação. Havia apenas duas casas de banho para todos, mas, no início de cada missão, uma delas encontrava-se cheia de mantimentos — restando, assim, apenas uma para toda a guarnição.

Não existia duche nem médico a bordo, e a água potável era rigorosamente racionada. A temperatura no interior do submarino variava conforme as águas por onde navegavam: nas geladas águas do Mar do Norte fazia-se sentir um frio intenso, enquanto, nas regiões mais próximas do equador, o calor era sufocante, provocando irritações na pele e alergias entre os tripulantes.

Sempre que dispunham de algum tempo livre, os homens aproveitavam para descansar no convés e respirar um pouco de ar puro — uma oportunidade preciosa num ambiente tão fechado e claustrofóbico.

A Missão

A missão do U-1277 consistia em, após largar de Bergen, rumar ao Atlântico através do Estreito da Islândia e patrulhar a entrada do Canal da Mancha. A tripulação só teve conhecimento do destino real quando alcançaram mar alto, momento em que o comandante abriu o envelope selado contendo as ordens da missão, entregue instantes antes da partida.

Tratava-se, como se dizia na Wehrmacht, de uma missão “in den Himmel zu kommen” — uma missão “para o céu”, praticamente sem retorno. Todos os homens a bordo tinham plena consciência do risco extremo e do desfecho provavelmente fatal da operação.

o fim

Apesar do fim da guerra, a saga do submarino U-1277 ainda estava longe de terminar. A rendição e entrega do submarino aos Aliados não faziam parte dos planos do comandante. Regressar à base naval de origem, em Kiel, na Alemanha, significava enfrentar novamente um longo percurso repleto de navios inimigos e aviões. Além disso, subsistia o receio de que o porto tivesse sido tomado pelos soviéticos — o que representaria uma sentença de morte para qualquer soldado alemão.

A Argentina chegou a ser considerada como destino provável, mas foi rapidamente descartada por estar fora de alcance. A cidade de Vigo, no norte de Espanha, foi então escolhida pelo comandante Stever, em conjunto com os oficiais a bordo, sendo a decisão aprovada pela tripulação. No entanto, devido à confusão nas comunicações da época, foram recebidas informações sobre alegados movimentos comunistas em Espanha, o que levou ao abandono desse plano.

Após 42 dias a navegar submersos, com combustível e mantimentos praticamente esgotados, Portugal tornou-se a escolha final do comandante e dos seus homens, por ser um país neutro e relativamente próximo.

Antes de chegar à costa, largaram a maior parte da tripulação e os seus pertences pessoais — entre eles Kurt Ernst e Walter Herkstroeter — em balsas de borracha a cerca de uma milha da costa, ao largo de Angeiras.

Stever seguiu então para sudoeste, desativou os torpedos e distribuiu quatro homens pelo submarino, com instruções para afundá-lo: um ao leme, Ernst Engel no compartimento de comando, Horst Schröder na proa e Alwin Wollenweber, sargento eletricista, na popa.

Abriram as válvulas do fundo, inundando o estabilizador traseiro e o compartimento da popa, iniciando assim o afundamento controlado do submarino.

Abriram também os depósitos de combustível, que se encontravam vazios, para os encher com água. À proa, nada foi feito. O submarino foi abandonado a 2,5 milhas da costa, com a escotilha da torre de comando aberta, acabando por afundar de popa.

Os cinco homens deixaram o U-1277 na última balsa e dirigiram-se para terra firme. Alguns náufragos foram auxiliados por pescadores de Labruge e Angeiras, enquanto outros foram resgatados pelo salva-vidas Carvalho Araújo, que, alertado, rapidamente se dirigiu ao mar. O ponto de encontro combinado pela tripulação em terra situava-se junto a dois moinhos que, até há pouco tempo, ainda existiam na praia de Labruge.

O submarino foi voluntariamente afundado na madrugada de 3 de junho de 1945, por volta das 00h45, ao largo do Cabo do Mundo, a norte da cidade do Porto, após ter navegado sem rumo pelo Atlântico durante cerca de um mês.

Pós-Afundamento

Horas após chegar a terra, a tripulação do U-1277 foi encaminhada para o Castelo de São João da Foz, no Porto, onde na altura se encontrava sediada uma unidade militar. Durante a sua estadia, receberam a visita de numerosos alemães residentes na cidade, que lhes ofereciam, entre outros gestos, chocolates e cigarros.

Dias depois, a tripulação foi transferida para Lisboa a bordo do contratorpedeiro Diu, comandado por João Pais. Após serem entregues às autoridades aliadas, foram enviados para Inglaterra, via Gibraltar, onde passaram dois anos como prisioneiros de guerra antes de regressarem às suas casas na Alemanha.

O Kapitänleutnant Peter-Ehrenreich Stever permaneceu preso por mais algum tempo, tendo sido condenado em tribunal militar britânico por ordenar o afundamento do seu submarino e por recusar colaborar na entrega de informações sobre o mesmo às autoridades.

Curiosidade: Na data de 3 de Novembro de 1945 o Ministério da Marinha apresentou ao Diretor Geral dos Negócios Políticos e da Administração Interna uma despesa de 2.277$45 referente à alimentação, transporte e de estadia no castelo da Foz do Douro dos oficiais e marinheiros do submarino, cujo número não foi fornecido e se desconhecia.

O Primeiro Mergulho e Identificação

A 20 de Outubro de 1973 um grupo de três mergulhadores desportivos, Joaquim Oliveira Fernandes, Rui Pinto e Alberto Freitas, acompanhados por pescadores locais realizou um mergulho no local onde frequentemente se prendiam as redes de pesca. Para sua surpresa e entusiasmo, confirmaram que o peguilho era o famoso submarino alemão afundado no fim da guerra.

No grupo de amigos que mergulharam e identificaram o peguilho como o submarino alemão afundado no final da II Grande Guerra encontrava-se Arnold Gilbert, um mergulhador de origem alemã. Através de um antigo oficial da Armada, tomaram conhecimento da existência da Associação de Submarinistas Alemães, a Verband Deutscher U-Bootfahrer. Aproveitando a fluência do Sr. Gilbert na língua alemã, foi feito contacto com a associação para comunicar a descoberta do submarino e obter mais informações sobre a sua história, características e tripulação.

Esta notícia despertou grande interesse e deu início a uma troca de correspondência entre o Sr. Gilbert e alguns antigos tripulantes do U-1277. Foi assim que, a partir desse momento, o submarino começou a ser oficialmente “redescoberto”, e o seu número de matrícula, U-1277, passou a ser conhecido.

Em Junho de 1986, a convite do Sr. Gilbert, alguns membros da tripulação regressaram à cidade do Porto para reviver memórias do passado e reencontrar pessoas conhecidas, como a mãe do Sr. Gilbert — a primeira pessoa a visitar a tripulação no Castelo de São João da Foz. Estes encontros, carregados de emoção, viriam a repetir-se alguns anos mais tarde, aquando de uma segunda visita.

O U-1277 nos dias de hoje

O submarino repousa a 31 metros de profundidade, num fundo arenoso, com a popa completamente assoreada e tombado para bombordo cerca de 45 graus. A proa, orientada a sul, já desapareceu, mas ainda se conservam dois dos quatro tubos lançadores de torpedos da parte da frente. Os dois tubos de bombordo encontram-se assoreados, enquanto os de estibordo permanecem no seu lugar original. Próximo à proa, é possível observar a âncora.

Grande parte do casco exterior já se deteriorou após mais de oitenta anos exposto às águas agitadas, permitindo aos mergulhadores observar o casco de pressão e detalhes que normalmente ficam ocultos sob o convés dessas embarcações. Destacam-se as escotilhas para o carregamento dos torpedos, tanto na proa quanto na popa, a escotilha usada para a entrada de baterias e mantimentos, bem como a escotilha do convés que dá acesso direto à cozinha e aos aposentos da tripulação.

A estrutura da torre, onde se encontrava instalado todo o armamento antiaéreo, também ruiu, revelando o complexo sistema de exaustão dos motores a diesel — actualmente já praticamente desaparecido. Em Maio de 2024, com a colaboração da OceanScan-MTS, foram localizados destroços que, segundo informações dos primeiros mergulhadores a visitar o naufrágio, poderão pertencer à estrutura da ponte onde se situava o armamento antiaéreo. Curiosamente, os tanques de lastro do lado de estibordo, embora corroídos e perfurados, continuam visíveis de forma impressionante.

Apesar dos danos causados por décadas de corrosão, o conjunto continua a proporcionar uma viagem imersiva à engenharia alemã da Segunda Guerra Mundial e à realidade da Batalha do Atlântico.

Mais do que um pedaço de história, o U-1277 transformou-se num ecossistema rico e vibrante. A incrível biodiversidade surpreende todos aqueles que descem ao fundo do Atlântico para o visitar.

Histórias Contadas com a Nossa Ajuda

Temos recebido, ao longo dos anos, diversas solicitações para colaboração em reportagens sobre o submarino U-1277. Entre os pedidos que se destacam, mencionamos o programa “Bombordo”, da RTP, a rubrica “Aqui Há História”, do canal televisivo SIC, e o programa “Mar, a Última Fronteira”, produzido pelo premiado fotógrafo Nuno Sá.

https://opto.sic.pt/vod/submarino-t3-e2/26020fe7-1317-43ab-a4bc-50c42bea85a7