jakob
maersk
o dia em que o Mar Ardeu
O acidente do jakob maersk

Numa manhã de quarta-feira, dia 29 de Janeiro de 1975, aproximava-se de Leixões o superpetroleiro dinamarquês Jakob Maersk. Transportava nos seus porões cerca de 88 mil toneladas de crude iraniano, com destino à refinaria da Sacor (posteriormente nacionalizada e, através da fusão com outras empresas, transformada na Petrogal).
Propriedade da Maersk Line Navigation Company, o navio havia sido construído em 1966. Media 261,81 metros de comprimento, 37,03 metros de boca, 12,92 metros de calado e deslocava 48 252 toneladas. A sua tripulação era composta por 32 pessoas.
Nesse dia, devido à fase de lua cheia, a maré encontrava-se particularmente baixa. Por volta das 12h30, durante as manobras de atracagem no Terminal A do Porto de Leixões, o navio embateu num baixio — presume-se que na pedra da Esfarrapada — que resultou numa enorme explosão na casa das máquinas, seguida de um intenso incêndio e de várias outras explosões.
A causa do acidente foi, provavelmente, atribuída a erro humano.
A violenta explosão resultou em seis vítimas mortais e quatro feridos graves.
A deflagração ocorreu na casa das máquinas, onde quatro engenheiros morreram de imediato. Um quinto tripulante foi dado como desaparecido, enquanto outro faleceu no Hospital de São João, vítima por afogamento.
Entre os sobreviventes, 17 tripulantes e dois pilotos do porto foram resgatados pelo rebocador Monte da Luz, que conseguiu aproximar-se do petroleiro em chamas. Os restantes 9 tripulantes foram retirados por outros três rebocadores que auxiliavam na manobra de atracagem.
O fogo, de grandes proporções, durou três dias. As chamas atingiram mais de 50 metros de altura, e uma coluna de fumo de cerca de 750 metros pôde ser vista a vários quilómetros de distância.

Impacto Ambiental
Até 1996, este acidente ocupava o 12.º lugar na lista dos maiores derrames de petróleo a nível mundial. Entre 40 a 50 mil toneladas de crude foram consumidas pelas chamas, 20 a 25 mil toneladas dispersaram-se pelo mar e cerca de 15 mil toneladas atingiram as praias da região.
Apesar da dimensão do derrame, foram observadas muito poucas aves afectadas e a pesca local não sofreu impacto significativo, com excepção de uma contaminação de curta duração. No entanto, registaram-se mortes significativas de algas e moluscos nas zonas mais severamente contaminadas, evidenciando os efeitos ecológicos imediatos do acidente nas comunidades marinhas mais sensíveis.

Final e o destroço nos dias de hoje

O navio partiu-se em três secções: a popa e a meia-nau afundaram-se ao largo da Praia de Matosinhos, enquanto a proa foi empurrada pelas correntes até à costa, onde permaneceu, perto do Castelo do Queijo, durante duas décadas, até ser finalmente removida.
O tombadilho foi retirado após o acidente por representar perigo à navegação das embarcações que entravam e saíam do porto de Leixões.
Hoje em dia, mergulhadores ainda podem encontrar alguns fragmentos do navio, como chapas de metal queimadas e tubagens, no fundo arenoso do mar, entre os 12 e os 15 metros de profundidade. É comum avistar linhas de pesca e redes presas nas chapas do naufrágio.